Temporada de 2019 no Chile

Após a recuperação da lesão na cervical, meu pescoço ficou muito rígido e sem mobilidade. Precisei iniciar fisioterapia, mas não melhorou. Então, uma osteopata, Letizia Maddaluno, estranhou e me pediu para fazer uma radiografia cervical dinâmica. Finalmente, descobrimos que meu pescoço estava gravemente deslocado, com risco de afetar minha medula espinhal. Foi uma correria enorme, e na semana seguinte, em 5 de julho de 2018, eu estava na mesa de cirurgia. Foi um momento muito difícil, mas também explicou minha falta de mobilidade no pescoço e a dor que sentia durante as Olimpíadas de PyeongChang, agora fazia sentido.

Foi uma cirurgia de sete horas realizada pelo Dr. Carelli, que reduziu C4 e C5, fundiu-os e colocou uma gaiola no lugar do disco danificado.

Após cerca de dois meses de recuperação, tive que adiar meu trabalho como instrutor em Valle Nevado, mas consegui ir para Corraldo, no Chile, no final da temporada para ajudar no Campeonato Brasileiro e na Clínica de Snowboard, com muito cuidado. Prometi ao meu médico que não correria nenhum risco e que praticar snowboard seria o mesmo que caminhar.

Não foi fácil deixar de ser atleta. Minha vida seguiu assim por mais de 15 anos. Eu tinha uma rotina e sempre tive um longo planejamento pela frente, rumo a Copas do Mundo, Campeonatos Mundiais e um grande objetivo: os Jogos Olímpicos de Inverno. Eu sabia que seriam minhas últimas Olimpíadas, mas acho que o acidente tornou isso mais óbvio, então não tive chance de duvidar.

Trabalhei como instrutora de snowboard de 1998 a 2004 e depois parei para me dedicar exclusivamente aos treinos e competições. Assim, na temporada chilena de 2019, voltei a dar aulas em Valle Nevado.

Ensinar e compartilhar com os alunos e sentir a gratificação de cada um foi maravilhoso. No começo, não foi fácil me acostumar com o ritmo da montanha, tendo que estar pronta das 9h às 17h com as botas calçadas. Foi como trocar o treinamento de força pelo treinamento de resistência, uma maratona todos os dias. Aos poucos, me adaptei e me apaixonei por estar na montanha o dia todo, me conectando com toda a sua energia.

Foi ótimo participar da organização do Campeonato Brasileiro, conhecer melhor os competidores. Um grande prazer ministrar três dias de clínicas e vivenciar a motivação e o desenvolvimento dos atletas, uma paixão que todos compartilhamos pelo esporte!

No final da temporada, tive a grande oportunidade de acompanhar e orientar os cursos de instrutores de snowboard na ENISSCHAG (Escola Nacional de Instrutores de Esqui e Snowboard do Chile), onde mais de 50 aspirantes a instrutores de snowboard se apresentaram aos cursos de certificação de instrutores de níveis 1, 2 e 3. Foi uma experiência emocionante de aprendizado e de compartilhar com os treinadores e novos instrutores da escola, pessoas motivadas e apaixonadas pelo esporte!

Finalmente me sinto muito bem em me aposentar da carreira de atleta, começar a ensinar novamente e fazer outras coisas. Um novo começo!

É isso, pessoal! Muito obrigado por participarem, e até a próxima!

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